A evolução da internet e dos aplicativos vem trazendo ao paciente mais controle sobre seu tratamento e opções na hora de buscar um médico, hospital ou uma clínica para realizar exames. Isso possibilita que o mesmo tenha mais consciência do seu tratamento e possa debater com o médico os próximos passos.
Não há dúvidas que a tecnologia trouxe vários benefícios para as empresas (com a melhora na análise dos dados para gestão de custos e otimização dos processos internos) e para os pacientes (com a popularização das redes sociais, dispositivos wereables e internet das coisas). A dúvida atual gira em torno do quanto a tecnologia empodera o médico ou tira sua autonomia ao ponto de um robô com inteligência artificial poder substituí-lo.
A idéia de que supercomputadores realizam diagnósticos precisos e sugerem tratamentos em poucos minutos tem gerado um certo receio quanto a função do médico principalmente em algumas especialidades como a radiologia e a oncologia. Há alguns anos, questionamentos semelhantes foram feitos com o surgimento da telerradiologia no Brasil onde se pensou que esta poderia ameaçar o trabalho médico. De forma geral o que observamos foi uma readequação do profissional para as centrais de laudo e uma amplificação dos serviços médicos levando atendimento a locais onde não teríamos profissionais suficientes para cobrir a demanda.
Não temos dúvidas que a chamada quarta revolução industrial com a internet das coisas e inteligência artificial novamente redefinirá o papel do médico e de outros profissionais na área de saúde, mas não acabará com o emprego (mas dificultará o emprego daqueles que não se readequarem). A automação criará oportunidades para as pessoas aproveitá-los, otimizando o tempo dos profissionais da saúde, que o ocuparão com decisões mais complexas e criativas. Os cuidados de saúde mudarão, tarefas e procedimentos passíveis de serem automatizados, serão e beneficiarão a todos, principalmente com ganho de tempo, qualidade em atendimento e resolutividade do processo. Algoritmos farão diagnósticos com base em dados quantificáveis, otimizando o trabalho humano que terão a sua disposição informações médicas sempre atualizadas por artigos científicos que farão parte do banco de dados desses supercomputadores
É fácil automatizar a fabricação de equipamentos, o fluxo do paciente no serviço, transporte de pacientes e outros serviços administrativos, e deve ser um dos objetivos imediatos que qualquer serviço de saúde que busque gestão de qualidade
As máquinas que tomam decisões clinicas por conta própria sem o contexto humano individualizado não conseguem cumprir a primeira lei da robótica de Asimov que é a de “não fazer nenhum mal”. O desafio vem quando a empatia, o afeto e a interação interpessoal entram em jogo e os robôs não abordarão esse nível de sofisticação por um longo tempo.
Dessa forma, nesse novo mundo de tecnologia o desafio do médico é não se distanciar do paciente pelos ganhos tecnológicos obtidos, e sim melhorar o seu relacionamento interpessoal com conversa, afeto, toque, confiança, etc deixando de ocupar seu tempo com tarefas mecânicas facilmente realizadas pela inteligência artificial.
O grande especialista do futuro será aquele treinado no relacionamento humano.
texto publicado no site GeHosp: clique aqui